Rostos tornados desconhecidos, desfigurados na minha certeza de perder-te, no meu desespero.
(...) As pessoas, como eu, esperavam, não a morte, que nós, seres incaustos fechamos-lhe sempre os olhos na esperança pálida de que, se não a virmos, ela também não nos verá.
(...) Nada me era dito, mas eu, olhando, sabia tudo, como se fosse óbvio, como se não pudesse ser de outra maneira.(...) O dilúvio no peito e o negro de te chorarmos ali, sobre ti, como se houvesse lágrimas que pudessem conter o vazio que ficou nos gestos que não fazes, das palavras que não dizes, do olhar permanente que tinhas e já não podes ter. Entraste na morte e já não podes voltar para mim, que te espero, que te amo.
(...) Na angústia, preciso de te ouvir, preciso que me estendas a mão. E nunca mais nunca mais... E espeta-se-me no peito nunca mais te poder ouvir ver tocar. Onde estiveres, dorme agora. Eras um pouco muito de mim... Ficaste em tudo em mim... Nunca esquecerei."
José Luis Peixoto (Morreste-me)
"às vezes parece que foi há meia hora que estive aqui, neste cemitério … e as lágrimas que me escorrem pela cara são as mesmas desse dia. Outras vezes, como hoje, em que o sol se reflecte com uma intensidade esmagadora nas lápides, vivo a sensação de alguma distância, como se o tempo, afinal, tivesse mesmo a capacidade de suavizar tudo, até a dor. (…) peço-lhe que nunca me deixe, que nunca se afaste, que nunca se esqueça"
Margarida Rebelo Pinto (Alma de Pássaro)
José Luis Peixoto (Morreste-me)
"às vezes parece que foi há meia hora que estive aqui, neste cemitério … e as lágrimas que me escorrem pela cara são as mesmas desse dia. Outras vezes, como hoje, em que o sol se reflecte com uma intensidade esmagadora nas lápides, vivo a sensação de alguma distância, como se o tempo, afinal, tivesse mesmo a capacidade de suavizar tudo, até a dor. (…) peço-lhe que nunca me deixe, que nunca se afaste, que nunca se esqueça"
Margarida Rebelo Pinto (Alma de Pássaro)