terça-feira, 28 de dezembro de 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

HIM - Join me in dead

Para recordar.

terça-feira, 9 de novembro de 2010


Sem palavras...

domingo, 22 de agosto de 2010

Mika - Rain



vídeo disponível em www.youtube.com

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Poesia antes e depois das férias

***
Antes das férias:
*
«Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente: eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto me dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.»
Álvaro de Campos
***
*
Em férias:
*
«Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa,
de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...»
Fernando Pessoa

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Agosto, Férias e Gotan Project

Finalmente chegaram as férias :-) (Ao longo do ano parecia que este dia nunca ía chegar... mas chegou).
Tem sido óptimo estar por casa e retomar o convívio com a família e os amigos.
Também já deu para fazer uma praiazinha e tomar uns bons banhos no mar. Já me sinto outra.
Ontem fomos ver os Gotan Project (um concerto que há muito queríamos ver e que ainda não tinha havido oportunidade). Foi espectacular!!! Era capaz de ficar horas a ouvi-los, apesar de ter sido ao ar livre e, portanto, de pé.
Deixo-vos uma das minhas músicas preferidas, do 1º álbum, "Una musica brutal".
Boas férias para todos


sábado, 5 de junho de 2010



«Where do I begin
To tell the story of how great a love can be;
The sweet love story that is older than the sea,
The simple truth about the love he brings to me?
Where do I start?

With his first hello,
He gave new meaning to this empty world of mine,
There'll never be another love, another time,
He came into my life and made the living fine,
He fills my heart,

He fills my heart with very special things,
With angels' songs, with wild imaginings,
He fills my soul with so much love,
That anywhere I go I'm never lonely;
With his along, who could be lonely?
I reach for him hand, it's always there...

How long does it last?
Can love be measured by the hours in a day?
I have no answers now but this much I can say:
I know I'll need him till the stars all burn away,
And he'll be there.»

domingo, 11 de abril de 2010

domingo, 14 de março de 2010

A poesia do nosso amor - 14.03.2009

*

«E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!»

F. Espanca

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010



«If I wrote a note to God
I would speak what's in my soul
I'd ask for all the hate to be swept away,
For love to overflow

If I wrote a note to God
I'd pour my heart out on each page
I'd ask for war to end
For peace to mend this world

I'd say, I'd say, I'd say
Give us the strength to make it through
Help us find love cause love is over due
And it looks like we haven't got a clue
Need some help from you
Grant us the faith to carry on
Give us hope when it seems all hope is gone
Cause it seems like so much is going wrong
On this road we're on

If I wrote a note to God I would say what on my mind
I'd ask for wisdom to let compassion rule this world
Until these times

If I wrote a note to God
I'd say please help us find our way
End all the bitterness, put some tenderness in our hearts

And I'd say, I'd say, I'd say
Give us the strength to make it through
Help us find love cause love is over due
And it looks like we haven't got a clue
Need some help from you
Grant us the faith to carry on
Give us hope when it seems all hope is gone
Cause it seems like so much is going wrong
On this road we're on
No, no no no
We can't do this on our own
So Give us the strength to make it through»

É o que se me apraz dizer hoje! Ouçam a música que vale a pena!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

«- É evidente que isto não pode ser julgado com os olhos de hoje. Só numa sociedade com uma elevada pressão de sentimentos teria sido possível viver esta situação com aquela intensidade dramática.
- O Pedro tem razão quando diz que não há nada como viver numa sociedade permissiva...
-Por um lado é verdade mas, por outro, não sei se esta baixa pressão dos nossos ideais e dos nossos sentimentos nos vai levar muito longe. Não digo que a reciclagem da nossa sensibilidade devesse levar outra vez a suicidarem-se por causa dos amores sem saída, mas a verdade é que não estamos dispostos a morrer por nada.
(...)
- É estranho como somos tão impotentes perante os condicionalismos culturais dum determinado tempo. Um homem como Goethe tinha obrigação de ver como tudo aquilo era absurdo...»
Alçada Baptista, Os Nós e os Laços

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Rodrigo Leão

Cá fica a minha música preferida deste último álbum de Rodrigo Leão (A Mãe), que pude ouvir ao vivo na 6f, em Sintra! Como alguém disse, do melhor que se faz em Portugal!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O olhar dos mortos


«Estou tão feliz que nem rio. Deito-me com desleixo, bastando-me: eu e eu. O regressar de meu marido mediu, até hoje, todas as minhas esperas. O perdoar a meu homem foi medida do desespero. Durante tempos, só tive piedade de mim. Hoje não, eu me desmesuro, pronta a crianceiras e desatinos. Minha alegria, assim tanta, só pode ser errada.
(…)
Durante anos, porém, os passos de meu marido ecoaram como a mais sombria ameaça. Eu queria fechar a porta, mas era por pânico. Meu homem chegava do bar, mais sequioso do que quando fora. Cumpria o fel de seu querer: me vergastava com socos e chutos. No final, quem chorava era ele para que eu sentisse pena de suas mágoas. Eu era culpada por suas culpas.
Com o tempo, já não me custavam as dores. Somos feitos assim de espaçadas costelas, entremeados de vãos e entrâncias para que o coração seja exposto e ferível. Venâncio estava na violência como quem não sai do seu idioma. Eu estava no pranto como quem sustenta a sua própria raiz. Chorando sem direito a soluço; rindo sem acesso a gargalhada.
O cão se habitua a comer sobras. Como eu me habituei a restos de vida.
(…)
A semana passada foi quando o rasgão se deu. Venâncio ficou furioso quando descobriu, em estilhaços, a emoldurada fotografia na nossa sala. Era um retrato antigo, parecia estar ali mesmo antes de haver parede. Nele figurava Venâncio, ainda magro e moço, posando na nossa varanda. Pelo olhar se via que sempre fora dono e patrão. Surjo atrás, desfocada, esquecida. Sem pertença nem presença.
Ao ver a moldura quebrada e os vidros ainda espalhados pelo chão, Venâncio me golpeou com inusitada força, pontapés cruzaram o escuro do quarto entre gritos meus (…) Depois, quando ele amainou (…) Arrumei umas poucas roupas e fui, a pé, para o posto de socorro.
(…) No passeio público, privadamente tombei. Antes que beijasse o chão já eu perdera as luzes e deixara de sentir a chuva no meu corpo.(…) Quando despertei, me acreditei já morta, transferida para outro mundo. Morrer não me bastava: nesse depois ainda Venâncio me castigaria.
(…)
Venâncio não foi visitar-me ao hospital. O que eu fizera, ao dirigir-me por meu pé ao hospital, foi uma ofensa sem perdão. Até ali eu fechara as minhas feridas no escuro íntimo do lar. Que é onde a mulher deve cicatrizar. Mas, desta vez, eu ousara fazer de Cristo, exibir a cruz e a chaga pelas vistas alheias.
Ao regressar a casa, faço contas às dores. Por certo, Venâncio me espera para me fazer pagar. Por isso, me demoro na varanda como se esperasse um sinal para entrar. (…)

Quando entro em casa, os estilhaços do retrato rebrilham no chão da sala. O fotografado olhar de Venâncio pousa sobre mim, assegurando os seus direitos de proprietário. Distraída, a minha mão recolhe um vidro.

Na cama de casal, meu marido está enroscado, em fundo sono. Deito-me a seu lado e revejo a minha vida. Se errei, foi Deus que pecou em mim. Eu semeei, sim, mas para decepar. Se recolhi os grãos, foi para os deitar no moinho. Há quem chame isto de amor. Eu chamo a cruel dança do tempo. Nessa dança, quem bate o tambor é a mão da morte.

Lição que aprendi: a Vida é tão cheia de luz, que olhar é demasiado e ver é pouco. É por isso que fecham os olhos aos mortos. E é o que faço ao meu marido. Lhe fecho os olhos, agora que o seu sangue se espalha, avermelhando os lençóis.

Mia Couto in “O fio das missangas”

Em Portugal pelo menos 41 mulheres foram assassinadas pelos companheiros em 2008 e 26 em 2009. Algumas vitimas, ao fim de muitos anos de maus tratos, acabam elas próprias por matar o agressor...