terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Cansaço


"O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.


A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,

Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço..."

Álvaro de Campos


Estou profundamente deprimida hoje... Cansada...
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada... Cansada, simplesmente.
Creio num amanhã melhor... É o que vale (sou optimista por natureza)!

2 comentários:

Anónimo disse...

És uma força linda da natureza. Um diamante em bruto. Nunca percas o teu brilho :) (desc ñ responder aos sms mas tou sem saldo) Jt gd.

Anónimo disse...

e eu fico feliz pelo optimismo que trazes contigo, tb só assim és capaz de não desanimar tendo em conta o percurso até aqui. mas sabes, amiga, o que há em mim é sobretudo cansaço.......

um beijo